
(Foto: Divulgação/SPR)
A medida do governo dos Estados Unidos de impor tarifas aos
parceiros comerciais, anunciada na última quarta-feira (2), deve ampliar as
possibilidades de exportação em Pernambuco e no Brasil. De acordo com o
cientista político Thales Castro, o estado pode se beneficiar nas exportações
no setor de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco. A sobretaxação de
10% sobre os produtos brasileiros pelos Estados Unidos deve entrar em vigor a
partir do próximo sábado (5).
Thales Castro aponta que, considerando que o setor de
fruticultura do estado que já exporta para os Estados Unidos, Ásia e a Europa,
a iminência de uma guerra comercial global pode abrir novas oportunidades
comerciais em Pernambuco também para outros países.
Já segundo a análise do economista Luiz Maia, o estado pode
até passar a exportar ovos e leite para o mercado internacional. “Os Estados
Unidos têm dificuldade nesses mercados porque existe uma escassez mundial
nesses produtos. Além disso, a chegada de produtos de outros países está sendo
mais prejudicada do que a do Brasil. Com essa imposição de tarifas, pode ser
que o ovo pernambucano chegue mais barato nos Estados Unidos do que o do
México”, analisa.
Taxas são maiores nos outros países
O economista explica que as barreiras comerciais que estão
sendo impostas contra a maioria dos países concorrentes do Brasil são maiores e
isso aumenta as chances de negociação do Brasil com outros países. “O Brasil
por ter sido menor taxado na disputa pelo mercado americano ganha vantagem em
relação a todos aqueles que foram mais taxados. Nesse sentido, até em relação
ao comércio entre o Brasil e Estados Unidos, por incrível que pareça, pode
acabar tendo até uma vantagem na concorrência para vender para os EUA”.
Luiz Maia destaca ainda que essa expansão no mercado
brasileiro pode ser ainda mais reforçada com a reação dos países diante da
medida imposta por Trump. “Com os Estados Unidos provocando essa guerra, vários
países vão retaliar e provavelmente vão impor tarifas pesadas para as
exportações americanas também. Então o Brasil tem essa vantagem porque quando
esses países retaliarem os Estados Unidos, as exportações do Brasil vão ficar
mais atrativas”, disse. O economista reforça ainda que o mercado brasileiro deve
ficar mais competitivo nas exportações com a Europa e com a China.
Parceria comercial com a China
Thales Castro lembra que, desde 2011, o maior parceiro
comercial do Brasil é a China. “Estamos com mais de uma década de China tendo a
prevalência das nossas exportações na pauta do agronegócio e minérios de ferro.
O Brasil exporta também produtos de alto teor tecnológico, como é o caso de
aviões, com a Embraer”.
Inflação pode subir no Brasil
Luiz Maia ressalta
que, mesmo sendo favorecido com o possível aumento das exportações para o
exterior, a inflação pode subir ainda mais no país pressionada pela alta da
demanda externa. “Por exemplo, o Brasil é um grande exportador de carne, tanto
de aves como de bovinos. Se os outros países do mundo todo começarem a fechar
as exportações de aves e de carne bovina dos Estados Unidos e passarem a
comprar do Brasil, o preço dos produtos brasileiros vão subir”, disse. Ele
conclui ainda que o custo de vida que já está alto, pode ficar ainda mais
elevado.